Câmara instaura CPI para investigar situação da Unifrango
O sorteio dos integrantes da CPI será realizado no retorno aos trabalhos no plenário, dia 6 de agosto.
O protocolo de instalação da Unifrango em Apucarana foi assinado em março de 2007 na gestão do ex-prefeito Valter Aparecido Pegorer (PMDB). A Prefeitura doou à empresa dois terrenos que somavam em torno de 15 alqueires, na região da Vila Reis, na saída para Califórnia. Na época, a Unifrango enviou nota à imprensa informando que realizaria um investimento de R$ 40 milhões em Apucarana em duas etapas, contemplando um centro de distribuição, com armazéns frigorificados com capacidade de 25 mil toneladas, e um terminal ferroviário para movimentação de mercadorias. Segundo disse a empresa na época, dois mil empregos seriam ofertados.
O assunto foi explorado politicamente em várias eleições. No entanto, acabou gerando forte polêmica, já que as obras e os empregos prometidos não saíram do papel. A direção da empresa negou, posteriormente, que teria prometido 2 mil empregos.
A Câmara de Apucarana apurou ainda que em novembro de 2007, através de projeto de lei aprovado pelo Legislativo, a Prefeitura autorizou a empresa a escriturar e registrar em seu nome um dos lotes, sem que as obras tivessem sido iniciadas.
A Unifrango iniciou em janeiro deste ano as operações em Apucarana, cinco anos após a assinatura do contrato. A empresa está funcionando em um barracão instalado numa área de 7 mil m2, segundo ela. No local está operando um centro logístico de armazenamento e distribuição de congelados produzidos por 19 empresas do grupo. A unidade estaria gerando 95 empregos, com intenção de chegar no máximo a 150.
No entanto, segundo o vereador José Aírton de Araújo (PR), o Deco, presidente da Câmara, “menos de 10 empregos” estariam sendo ofertados. “Cadê os 2 mil que foram anunciados?”, indaga Deco.
Segundo ele, o objetivo da CPI é investigar detalhadamente o acordo feito pelo Município com a empresa em 2007, analisando o que previa o contrato de doação dos terrenos, a projeção de empregos não cumprida, os benefícios dados à Unifrango e as doações de campanha feitas pela empresa a políticos importantes da cidade, entre outros pontos.
Para o vereador Gilberto Cordeiro de Lima (MD), a empresa não está cumprindo sua finalidade e nem os prazos estabelecidos em contrato. “Mas eu acho que o que mais preocupa é a grande quantidade de área que foi doada”. Segundo ele, há tantas empresas querendo se instalar em Apucarana, enquanto um grande terreno como aquele está no matagal. “Eu acredito que a CPI deverá pedir a reversão do terreno”.
Para o vereador José Eduardo Antoniassi (PSDB), pela grande quantidade de área que foi doada e pelo pouco investimento que foi feito até agora, há necessidade, sim, de se averiguar a real situação da Unifrango em Apucarana. No seu entender, a Câmara de Apucarana tem a obrigação de investigar o contrato de cessão dos terrenos, os compromissos assumidos e como está sua legalidade no município. “Nós vereadores já estivemos lá na empresa, mas não conseguimos muita coisa, havia poucos funcionários e nem pudemos entrar lá para verificar a fundo”, diz.
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19-07013
*Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Apucarana